Sistema Articular

CONCEITO DE ARTICULAÇÃO

Integrante da parte inativa do sistema locomotor, as articulações são uniões de ossos que podem ou não se articular entre si. Esta união pode ou não permitir movimento livre, de acordo com o tipo de tecido e as características próprias das articulações.

A ciência que estuda as estruturas articulares com suas funções e disfunções é chamada artrologia.

Imagem: Reprodução/Internet

CONCEITO DE CARTILAGEM

 É um tipo de tecido conjuntivo que tem consistência rígida, porém apresenta certa flexibilidade. As cartilagens não possuem vasos sanguíneos, vasos linfáticos ou nervos, sendo classificada então como um tipo de tecido avascular.

As cartilagens apresentam coloração esbranquiçada ou cinzenta e como foi dito na introdução, estão presentes em várias partes do corpo humano como por exemplo, orelha, cotovelo, nariz, traqueia, joelhos, laringe e outras.

Como a cartilagem é um tecido avascular, a sua nutrição acontece através dos vasos sanguíneos dos tecidos conjuntivos adjacentes, através de difusão. Estas características são importantes quando observamos porque a cartilagem tem uma lenta capacidade de cicatrização, regeneração e não pegam anestesia.

A cartilagem também chamada de tecido cartilaginoso é um tipo de tecido conjuntivo fibroso especializado, que contém numerosas fibras de colágeno embebido numa matriz rígida de condrina (complexo proteína-carboidrato).

  • Condroblastos – céls. da cartilagem;
  • Condrócitos –  céls. Maduras que atuam na manutenção da matriz da cartilagem.

TIPOS DE CARTILAGEM

Sua classificação é analisada de acordo com o tipo e a quantidade de fibras presentes, sendo:

  • Cartilagem Hialina

Forma a grande proporção dos tecidos frouxos do organismo, com quantidade moderada de fibras colágenas, contida, por exemplo, na matriz homogênea encontrada nos discos epifisários, permitindo o crescimento dos ossos. Os principais locais onde a cartilagem hialina é encontrada no organismo adulto são: fossas nasais, traqueia e brônquios, extremidade ventral das costelas e recobrindo a superfície dos ossos longos.

  • Cartilagem elástica

Possui alto teor de fibras elásticas (elastina) em sua matriz, mas também pouca quantidade de colágeno. Esse tipo é encontrado no aparelho auditivo, formando o pavilhão externo da orelha, na laringe e na válvula epiglote.

  • Cartilagem fibrosa 

Com alta concentração em fibras colágenas, abrangendo quase que a totalidade do espaço intracelular. Esse tipo é normalmente encontrado formando os discos intervertebrais entre as vértebras da coluna, amortecendo os choques mecânicos e conferindo flexibilidade motora ao organismo.

Imagem: Reprodução/Internet

CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES

São classificadas dependendo do elemento que se encontra entre os ossos, sendo assim, classificados em:

  • Fibrosas (Sinartrose)
  • Cartilaginosa (Anfiartrose)
  • Sinoviais (Diartrose)

ARTICULAÇÕES FIBROSAS

É responsável pela união dos ossos é o tecido fibroso;

O termo fibroso já dar a ideia de rigidez;

Elas não possuem mobilidade;

Dependendo da forma como as superfícies ósseas entram em contato, as junturas fibrosas se dividem em: sutura, gonfose e sindesmose.

Suturas e gonfoses, as fibras são muito curtas e permitem pouco ou nenhum movimento.

Sindesmoses, as fibras são longas e serve para conectar os ossos firmemente e os ossos possuem maior mobilidade.

ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS

São aquelas em que o tecido entre os ossos é cartilagem. Podendo a mesma ser cartilagem fibrosa (fibrocartilagem) ou cartilagem hialina; Podem apresentar um grau reduzido de movimento, denominadas de semimóveis; São subdivididas em: Sincondrose e Sínfise.

Sincondrose é uma articulação cujos ossos estão unidos por cartilagem hialina. Muitas sincondroses são articulações temporárias, com a cartilagem sendo substituída por osso com o passar do tempo (isso ocorre em ossos longos e entre alguns ossos do crânio).

Exemplo:

Temporária – A cartilagem é substituída por osso (epífises dos ossos longos).

Permanente – A cartilagem permanece inalterada (as dez primeiras costelas e suas cartilagens costais).

Sínfise é uma articulação cujo, dois ossos estão unidos por uma fibrocartilagem. Um disco fibrocartilaginoso, sendo essa a característica distintiva da sínfise. Esses discos por serem compressíveis permitem que a sínfise absorva impactos.

Exemplo:

Sínfise púbica unida por um disco cartilaginoso interpúbico. Outro exemplo é a articulação entre duas vértebras (discos intervertebrais coberta com cartilagem hialina).

ARTICULAÇÕES SINOVIAIS

O tipo de articulação mais comum é a sinovial. Possui movimentos nas articulações, conhecidas também como articulação diartrose, pois possuem um líquido sinovial que preenche a cavidade articular. Executam movimentos amplos, e são denominadas de junturas móveis.

Ex: ombro, cotovelo, joelho, pulso, etc.


CÁPSULA ARTICULAR

É uma membrana conjuntiva que envolve as articulações sinoviais como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna).

Membrana Fibrosa (cápsula fibrosa) é mais resistente e pode estar reforçada, em alguns pontos por feixes também fibrosos, que constituem os ligamentos capsulares, destinados a aumentar sua resistência. Em muitas articulações sinoviais existem ligamentos independentes da cápsula articular denominados extra-capsulares ou acessórios e em algumas, como na articulação do joelho, aparecem também ligamentos intra-articulares. Ligamentos e cápsula articular tem por finalidade manter a união entre os ossos, mas além disso, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos movimentos considerados normais.

Membrana Sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular e forma um saco fechado denominado cavidade sinovial. É abundantemente vascularizada e inervada sendo encarregada da produção de líquido sinovial. Discute-se que a sinóvia é uma verdadeira secreção ou um ultra-filtrado do sangue, mas é certo que contém ácido hialurônico que lhe confere a viscosidade necessária a sua função lubrificadora.

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DISCOS E MENISCOS

Em várias articulações sinoviais, interpostas as superfícies articulares, encontram-se formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares, de função discutida: serviriam a melhor adaptação das superfícies que se articulam (tornando-as congruentes) ou seriam estruturas destinados a receber violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua característica em forma de meia lua, são encontrados na articulação do joelho. Exemplo de disco intra-articular encontramos nas articulações esternoclavicular e ATM 4.

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CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS

BASEADO NA MORFOLOGIA

PLANA

Quando as superfícies ósseas que se articulam são planas ou ligeiramente curvas. O movimento é possível em qualquer direção, sendo limitado somente pelos ligamentos ou processos ósseos.

Ex: processos articulares das vértebras, ossos do carpo e tarso e patela.

Imagem: Reprodução/Anatomia Resumida

GÍNGLIMO

Semelhante a uma dobradiça, possui um único eixo de movimento. A convexidade de um osso encaixa na concavidade de outro osso realizando a flexão e extensão do cotovelo e dos dedos.

GÍNGLIMO
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TROCOIDEA

Quando tem forma de cilindro; realiza o movimento em rotação ao redor de um eixo.

Ex: rotação das vértebras cervicais (atlas e axis), Articulação do cotovelo.

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SELAR

A superfície da articulação é côncava numa direção e convexa na outra. Enquanto uma das superfícies se assemelha a uma sela (convexidade).

Ex: A única articulação selar verdadeira do corpo é a articulação carpometacárpica do polegar.

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CONDILAR

Tem uma superfície articular levemente côncava e convexa. Quando uma das extremidades que se articula tem formato de côndilo. Permitindo movimento em dois planos (convexa e oval entre dois ossos).

Ex: articulação metacarpofalangeanas e metatarsofalangeanas.

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ESFEROIDEA

Quando uma das extremidades que se articula tem formato de côndilo. São formadas por uma cabeça esférica de um osso contrapondo-se a uma cavidade em forma de taça (convexa e oval entre dois ossos).

Ex: ombro e quadril

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TIPOS DE MOVIMENTO

Deslizamento: Movimento de acomodação das extremidades

Flexão: Quando um osso é movimentado num trajeto que diminui o ângulo entre ele e o osso adjacente.

Extensão: É o oposto a flexão, causa aumento do ângulo entre os ossos articulados.

Hiperextensão: Ocorre quando o segmento é movimentado aumento seu ângulo, além da posição normal.

Abdução: O membro é movimentado para longe da linha mediana do corpo.

Adução: O oposto da abdução envolve o movimento de uma parte do corpo para próximo da linha média.

Circundução: É o movimento rotatório em torno de um eixo, em sequência combinada de flexão, abdução, extensão e adução.

Rotação: É o movimento de um osso ao redor de um eixo central, sem nenhum deslocamento do eixo. A rotação pode ser rotação medial ou interna, ou, rotação lateral ou externa.

Supinação: O termo descreve a rotação do antebraço para fora, fazendo com que a palma da mão fique para cima.

Pronação: Rotação do antebraço para dentro, fazendo com que a palma da mão fique para baixo.

Elevação: O movimento que ergue uma parte do corpo. Ex: elevação da escápula e da mandíbula.

Depressão: O movimento que abaixa uma parte do corpo. Ex: abaixamento da escápula e da mandíbula.

Inversão: Ocorre no pé, com o movimento da planta fique voltada para dentro.

Eversão: Ocorre no pé, com a planta voltada para fora.

Protração: Movimento que desloca uma parte do corpo para frente.

Retração: Movimento que faz para retornar a parte protraída para a posição usual.

Dorsiflexão: é o movimento onde os dedos dos pés estão levantados

Flexão Plantar: é o movimento onde os dedos dos pés estão com as pontas para baixo.


CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS

As articulações podem realizar movimentos em torno de 1, 2 ou 3 eixos. Chamadas de MONO-AXIAL, BI-AXIAL, TRI-AXIAL (poli axial ou multiaxial)

  • MONO-AXIAL: Quando executa apenas um eixo de movimento. Ex: Cotovelo.
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  • BI-AXIAL: Quando executa dois eixos de movimento. Ex: Punho.
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  • TRI-AXIAL: Quando executa mais de dois movimentos. Ex: Junturas do ombro, punho, pé, quadril e etc.
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IMPORTÂNCIA CLÍNICA

O Reumatismo é um termo amplo para dor nos ossos, articulações, tendões, ligamentos ou músculos.

A Artrite é um termo geral para mais de 100 doenças inflamatórias articulares. Consiste na inflamação da articulação. Poderá ter origem em doenças sistêmicas (Ex: Doença reumática) ou ser resultante de traumas repetitivos da articulação.

A forma mais comum de artrite é a  osteoartrite (OA), que ocorre em diferentes graus em muitas pessoas e que resulta dos anos de uso e desgaste das articulações.

Artrite reumatoide (AR) é uma doença imune articular muito severa causada por um anticorpo chamado fator reumatoide que danifica as membranas sinoviais.

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Artrose é a fibrose da articulação, levando ao “endurecimento” dos movimentos. A artrite repetitiva poderá levar a artrose.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 21ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

GUYTON, A. C. Tratado de Fisiologia Médica. 10ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2002.

TORTORA, Gerald J.; GRABOWSKI, Sandra Reynolds. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 9ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

DANGELO, J.G. E FATTINI, C.A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar. 3ª ed. São Paulo: Atheneu, 2007. CAP.1.

Anatomia e Fisiologia Humana. 1ª ed. ELAINE CRISTINA MENDES MARQUES. São Paulo: MARTINARI, 2011.

Profª Me. MÁRCIA PRAIA, Anatomia e Fisiologia Humana. Amazonas: Manaus, 2016/2019.

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